Solo

13 de novembro de 2018


Este post está em rascunho há quase um ano, começou a ser escrito logo depois da vida ter mudado como a conhecia há 8 anos, mas por alguma razão nunca encontrei a altura certa para o publicar e com o tempo percebi também que nunca iria existir uma altura certa, por isso hoje aqui está. Este post é para todos os que acreditam no amor, sim no amor e o amor nem sempre tem que ser a dois, o amor por vocês mesmas, o amor dos outros por vocês, dos vossos amigos, da vossa família, esse sim pode ser o vosso amor incondicional, o amor para a vida toda.

Se há um ano me dissessem que me iria separar da pessoa com quem estava há 8 anos, provavelmente não acreditaria e digo provavelmente, porque nunca ninguém está livre de se apaixonar por outra pessoa, ninguém está livre de do dia para a noite atirar tudo ao ar, como aconteceu. De repente a pessoa que esteve com vocês uma parte da vossa vida torna-se irreconhecível e maior que o medo do que vem daqui para a frente, é a dor de na realidade não terem visto o que estava tão ali à frente dos olhos.

O dia seguinte é o dia mais horrível de todos! É o dia da aceitação, sabia bem que no meu caso não haveria volta a dar, é o dia de esconder as lágrimas enquanto estava sentada no trabalho e a cabeça teimava em fugir para outro lado e se neste momento tudo parece mau, tudo parece que não tem solução, acreditem existe solução para tudo e rapidamente, rodeada pelas pessoas certas comecei a levantar a cabeça. Lembro de ter mandado mensagem a algumas pessoas a contar, porque nem um telefonema conseguia fazer, depois vem aquela parte chata de comunicar “já não estamos juntos”, vem a lista das perguntas do outro lado, mas queres restringir a informação ao máximo, o “já não estava a dar” é a frase mais batida de sempre, mas a única que me sai. Com o tempo, acabariam por saber...

Sou muito aquela pessoa que está ligada ou desligada e quando desligo, quando aceito, acabou, passou e a vida segue. Fiz uma lista de coisas necessárias a resolver, ser prática foi a ordem do dia, voltei a pôr a cabeça no lugar, passei o natal com as pessoas que mais amo, fui para Barcelona passar o ano e voltei renovada, decidida a acreditar que aquele ano iria ser meu, caraças iria ser tão meu! Não para te provar nada a ti, não preciso, nunca precisei, mas precisava de provar a mim mesma que eu era capaz disto e fui.

Rodeei-me das melhores pessoas e acreditem que é nestes momentos em que sei que os meus amigos, são mesmo os melhores do mundo, não vivemos todos na mesma cidade, nem todos no mesmo país, mas vivemos todos à distância de uma mensagem de voz, de um telefonema, de chamadas por Skype, que tantas vezes me ampararam as lágrimas enquanto desabafava. Cheguei a pensar porque é que chorava mesmo? Sentia falta de quê mesmo? E em menos de um ano percebi que naquela altura apenas chorava por algo que tinha acabado, mas nem eram saudades, nem era sentir falta, era eu sentir-me perdida, talvez porque a vida ia passando, as coisas iam andando e na realidade não estava no pleno da minha felicidade, estava adormecida e foi algo que já com a cabeça muito fria, muito distante de tudo, consegui chegar à conclusão.

O trabalho ajudou imenso a seguir em frente, estar num ambiente feliz, com pessoas bem-dispostas é meio caminho para a vida andar e o melhor de tudo é a independência que se ganha: chegar a casa às horas que quero, quando quero, não ter que pensar em almoços, em jantares, não ter que estar presente em nada que não me apetece verdadeiramente, não ter que dar justificações, não ter sequer que pensar ou programar o que quer que seja. Acabamos também por fazer coisas que nunca tínhamos feito e sem aos 20 as coisas ainda podem ser fáceis, acreditem, aos 30 há coisas que tomam toda uma outra dimensão: voltei novamente ao ginásio (foi a desculpa perfeita), nunca cozinhava, não é que hoje seja grande cozinheira, mas passei a desenrascar-me, no entanto sou óptima a abrir garrafas de vinho! Montei móveis, cadeiras e troquei lâmpadas, dancei até não ter pés, vi o sol nascer nos aliados perdida no meio de conversas até altas horas da manhã, conheci pessoas que adoro de coração, ri-muito e mais importante de tudo voltei a encontrar-me e a saber o que era ser verdadeiramente feliz, sozinha! Portanto no fim disto tudo, não há dúvidas, só posso dizer – Thank you, next!



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4 comentários:

  1. Acredito que já deste os passos que precisavas, mas este post vai, certamente, ser um ponto final para te ajudar a seguir em frente e a continuares a ser feliz como tens sido! É algo muito pessoal e entendo que deva ter custado imenso, mas só queria dizer que gostei muito de ler e que és uma mulher incrível e cheia de garra! Beijinhos

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  2. Sei que já estás onde devias estar e que estás bem, mas não deve ter sido nada fácil passar por tudo isso, especialmente para quem sabe o que é uma relação de tantos anos. Mas S, babe, és uma Mulher cheia de garra e força e és linda ❤ Beijo

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  3. Acabei de ler a minha história neste último ano, e como é tudo tão verdade ��

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  4. Não tenho nada acrescentar a algo tão pessoal, transparente e que claramente vem do fundo do teu coração. Mas queria que soubesses que - enquanto leitora - fico muito feliz por ti!
    Nem toda a gente constata o elementar que é amar-mo-nos e cuidar-mos de nós próprios, antes de tudo o resto. Dependendo da atitude, acaba por ser não um ato de egoísmo mas sim de altruísmo.
    :)

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