Este post está em rascunho há quase um ano, começou a
ser escrito logo depois da vida ter mudado como a conhecia há 8 anos, mas por
alguma razão nunca encontrei a altura certa para o publicar e com o tempo percebi
também que nunca iria existir uma altura certa, por isso hoje aqui está. Este
post é para todos os que acreditam no amor, sim no amor e o amor nem sempre tem
que ser a dois, o amor por vocês mesmas, o amor dos outros por vocês, dos
vossos amigos, da vossa família, esse sim pode ser o vosso amor incondicional,
o amor para a vida toda.
Se há um ano me dissessem que me iria separar da
pessoa com quem estava há 8 anos, provavelmente não acreditaria e digo
provavelmente, porque nunca ninguém está livre de se apaixonar por outra
pessoa, ninguém está livre de do dia para a noite atirar tudo ao ar, como
aconteceu. De repente a pessoa que esteve com vocês uma parte da vossa vida
torna-se irreconhecível e maior que o medo do que vem daqui para a frente, é a
dor de na realidade não terem visto o que estava tão ali à frente dos olhos.
O dia seguinte é o dia mais horrível de todos! É o dia
da aceitação, sabia bem que no meu caso não haveria volta a dar, é o dia de
esconder as lágrimas enquanto estava sentada no trabalho e a cabeça teimava em
fugir para outro lado e se neste momento tudo parece mau, tudo parece que não
tem solução, acreditem existe solução para tudo e rapidamente, rodeada pelas
pessoas certas comecei a levantar a cabeça. Lembro de ter mandado mensagem a
algumas pessoas a contar, porque nem um telefonema conseguia fazer, depois vem
aquela parte chata de comunicar “já não estamos juntos”, vem a lista das
perguntas do outro lado, mas queres restringir a informação ao máximo, o “já
não estava a dar” é a frase mais batida de sempre, mas a única que me sai. Com
o tempo, acabariam por saber...
Sou muito aquela pessoa que está ligada ou desligada e
quando desligo, quando aceito, acabou, passou e a vida segue. Fiz uma lista de
coisas necessárias a resolver, ser prática foi a ordem do dia, voltei a pôr a
cabeça no lugar, passei o natal com as pessoas que mais amo, fui para Barcelona
passar o ano e voltei renovada, decidida a acreditar que aquele ano iria ser
meu, caraças iria ser tão meu! Não para te provar nada a ti, não preciso, nunca
precisei, mas precisava de provar a mim mesma que eu era capaz disto e fui.
Rodeei-me das melhores pessoas e acreditem que é nestes
momentos em que sei que os meus amigos, são mesmo os melhores do mundo, não
vivemos todos na mesma cidade, nem todos no mesmo país, mas vivemos todos à distância
de uma mensagem de voz, de um telefonema, de chamadas por Skype, que tantas
vezes me ampararam as lágrimas enquanto desabafava. Cheguei a pensar porque é
que chorava mesmo? Sentia falta de quê mesmo? E em menos de um ano percebi que
naquela altura apenas chorava por algo que tinha acabado, mas nem eram
saudades, nem era sentir falta, era eu sentir-me perdida, talvez porque a vida
ia passando, as coisas iam andando e na realidade não estava no pleno da minha
felicidade, estava adormecida e foi algo que já com a cabeça muito fria, muito
distante de tudo, consegui chegar à conclusão.
O trabalho ajudou imenso a seguir em frente,
estar num ambiente feliz, com pessoas bem-dispostas é meio caminho para a vida
andar e o melhor de tudo é a independência que se ganha: chegar a casa às horas
que quero, quando quero, não ter que pensar em almoços, em jantares, não ter
que estar presente em nada que não me apetece verdadeiramente, não ter que dar
justificações, não ter sequer que pensar ou programar o que quer que seja. Acabamos
também por fazer coisas que nunca tínhamos feito e sem aos 20 as coisas ainda
podem ser fáceis, acreditem, aos 30 há coisas que tomam toda uma outra dimensão: voltei novamente ao ginásio (foi a desculpa perfeita),
nunca cozinhava, não é que hoje seja grande cozinheira, mas passei a desenrascar-me,
no entanto sou óptima a abrir garrafas de vinho! Montei móveis, cadeiras e
troquei lâmpadas, dancei até não ter pés, vi o sol nascer nos aliados perdida
no meio de conversas até altas horas da manhã, conheci pessoas que adoro de
coração, ri-muito e mais importante de tudo voltei a encontrar-me e a saber o
que era ser verdadeiramente feliz, sozinha! Portanto no fim disto tudo, não há dúvidas, só posso
dizer – Thank you, next!